Uirapuru

UIRAPURU

Relatório

Uirapuru ou Irapuru é o nome que se dá a uma série de pássaros diferentes. Temos Uirapurus-Vermelhos, Uirapurus-Veados, Uirapurus-de-Peito-Branco e mais uma infinidade de outros tipos. Todavia, aquele que é tido como o Uirapuru-Verdadeiro tem como nome científico Cyphorhinus arada; um passarinho marrom-acastanhado, com corpo pardacento. Estrias brancas cruzam seu pescoço e descem pelas asas. As lendas e narrativas que atravessam este pássaro, no entanto, podem facilmente transbordar para todos os que carregam seu nome.

O próprio Câmara Cascudo conta, em seu “Dicionário do Folclore Brasileiro”, que nunca havia ouvido o canto do Uirapuru, e que a ave, a qual normalmente indicavam como sendo o famoso animal, era um “tyrannus de cor acinzentada e preta”. Como uma Tesourinha ou um Suiriri. Teria sido mesmo um Uirapuru?

Dizem que seu canto é mágico. Tão belo, que todas as aves se silenciam para escutá-lo. Essa canção misteriosa só se faz ouvir por 15 ou 20 dias no ano, durante sua época de acasalamento, que dura entre setembro e outubro. A primeira gravação desta vocalização foi feita em 1962, no Acre, pelo ornitólogo Johan Dalgas Frisch. A gravação foi publicada no disco Vozes da Amazônia, que continha, ainda, cantos de outros pássaros, vocalizações de porcos-do-mato, ariranhas, guaribas e outros bichos.

No passado, era comum que o corpinho do Uirapuru, preparado, fosse utilizado como amuleto. Algo que, hoje, devido à restrição das leis ambientais, desapareceu. Cascudo, mesmo, conta ter encontrado muitos pássaros distintos tornados amuletos, mas tão sujos de carajuru e cunauaru, que não os reconhecia.

Carajuru ou Crajiru (Arrabidaea chica) é uma erva bastante utilizada na pajelança, especialmente para a defumação e para produção de um pó vermelho. Já o outro ingrediente é a resina de sapo-cunauaru, o chamado “breu branco”. Dá para imaginar o estado dos amuletos de então. Eles eram guardados no bolso e tinham funções distintas, de acordo com o uso para o qual foram preparados, mas sempre ligados à boa sorte. Outro costume antigo era enterrar o amuleto na soleira da porta do comércio para atrair mais clientes.

Ainda sobre soleiras, Cascudo registra que as penas da coruja, molhadas no próprio sangue e enterradas na porta ou no mourão da porteira, afugentavam fantasmas e anulavam bruxarias.

UIRAPURU
Pontos de Força: 2
Pontos de Vida: 2

Tipo: Visagem
Elemento: Vento

Habilidade:
Quando esta carta é invocada, nem você nem a outra pessoa podem enfrentar o Desafio por um turno.

Efeito: Pausa

Citação: "..."

Artista: André Vazzios

Carta de Uirapuru mostrando uma ilustração de um passaro uirapuru bem colorido em um galho de árvore, logo atras dele um circulo semelhante a uma mandala com um símbolo de nota musical no meio. No fundo, parte de um outro desenho semelhante a uma mandala.

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Fontes

– CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. São Paulo: Global, 2002.
– CASCUDO, Luis da Câmara. Coisas que o povo diz. 2. ed. São Paulo: Global, 2009.
– OLIVEIRA, Roberto Gonçalves. As aves-símbolo dos estados brasileiros. Porto Alegre: Editora AGE, 2003.