Saci-Taterê

Ilustração: Jânio Garcia

SACI-CERERÊ

Relatório

Mito ligado ao caos e à desordem, o Saci permeia o imaginário brasileiro há pelo menos dois séculos. Diferentemente do que muitos podem pensar, no entanto, o Pererê não é o único tipo de Saci que existe. É o mais conhecido, o mais notório, mas existem inúmeros outros.

Em Saci Pererê – Resultado de um Inquérito, organizado por Monteiro Lobato em 1917 e publicado no ano seguinte. Na obra, mais de 70 depoimentos compartilham narrativas sobre saci das mais diferentes. Há sacis com orelhas de macaco, com chifres de bode e rabo de cachorro. Há outros com fogo nos olhos, com mãos de pilão ou corpo coberto de fubá.

Ainda assim, mesmo tendo praticamente um saci diferente em cada narrativa, os nomes apresentados não trazem tanta variação. Fala-se em Saci Ceperé, Saci Cererê, Saci Trique, Saci Siriri, Saci Serumpererê, Saci Perereca, Saci Saterê, Saci Mofera, Saci Saperê, Saci Saderê, Saci Patarê e Saci Sia-Teresa. Alguns com meramente uma linha de descrição.

O naturalista Emílio Goeldi, ao estudar os pássaros que inspiram as histórias de Saci, coletou causos de Saci-Fogo e Saci-Cererê em que se falava que a visagem era capaz de soltar fogo pela boca, representando uma encarnação do terror. Outros registros vão falar de seu costume de dançar uma brasinha pelo buraco das mãos, que a utiliza para acender seu cachimbo.

Outro elemento muito frequente nos registros antigos diz respeito aos olhos do saci. Eram olhos de fogo, luminescentes, que dançavam como fogo-fátuos pela noite.

Ao abordar os viajantes, os Sacis costumam pedir fumo ou fogo para seu pito. Quem oferece recebe sua gratidão e auxílio. Quem se nega, no entanto, é perseguido pelo saci e sofre todo tipo de infortúnio.

Baixe a imagem em HD