Mulher-de-7-metros

MULHER-DE-7-METROS

Mulher de 7 Metros, por Stuart Marcelo

Relatório

Registros de aparições do tipo cresce-míngua são muito comuns em todo o Brasil. Tratam-se de fantasmas que se parecem com pessoas normais, mas que assim que são abordados tomam proporções gigantescas, deixando a vítima apavorada.

Uma constante parece ser a altura: sete metros. Talvez carregando a mística do número mágico, o sete seja a forma como o imaginário popular utiliza para indicar um tamanho incomensurável. Não é por acaso que alguns registros falam de visagens deste tipo cuja cabeça não se podia mais divisar de tão alta que ficava.

Falando especificamente do mito da Mulher-de-Sete-Metros, há versões dela em narrativas de Minas Gerais e da Bahia, sendo acrescidas por algumas variações.

Em Tapiramutá, interior da Bahia, encontramos a narrativa de que uma dessas visagens é o espírito de uma moça muito bonita que morreu noiva, sem conseguir se casar. Por conta disso, na altura de onde ficava o primeiro cemitério da cidade, ela aparece atraindo os homens, sempre vestida de branco e com o rosto coberto por um véu. Quando um homem se aproximava, a assombração se agigantava. Percebemos aqui um atravessamento com as lendas de noivas fantasmas/mulheres de branco.

Em Itabuna, o poeta Minelvino Francisco Silva publicou em 1968 o cordel “A Mulher de Sete Metros que apareceu em Itabuna”. A narrativa tem um tom moralista, em que a assombração (sempre de roupas curtas) pedia carona a um taxista e, após seduzi-lo, ia crescendo, crescendo até ficar da altura de um poste de luz. No cordel, ela explica que sua alma teve o paraíso negado por usar vestes inapropriadas.


Eu morri de mini-saia
E no céu não pude entrar,
esta roupa escandalosa…
Não deixou me aproximar
Voltei ao mundo outra vez
E aqui vivo a penar.

Em Patos de Minas, encontramos a história registrada por Oliveira Melo em 1970. Ele fala de uma mulher chamada Lavi Lopes, que teria sido uma rica fazendeira escravocrata da região. A mulher era de grande perversidade, cometendo todo tipo de tortura com os negros; de jogar óleo quente nas mulheres a quebrar o braço de crianças pisando neles com sapatos de salto.

Quando morreu, foi enterrada no antigo cemitério da cidade, onde hoje se localiza o Fórum de Patos de Minas. Ali, ainda hoje a alma perambula, assumindo tamanho gargantuano para perseguir os que transitam entre a região do fórum e do monumento do Presidente Olegário Maciel. Infelizmente, nenhum registro histórico sobre Lavi Lopes foi encontrado.

Por fim, há relatos também da aparição da Mulher em Montes Claros, entre os bairros Major Prates e Morada do Parque nos anos 1980. Detalhe interessante é que costumavam dizer que, quanto mais as pessoas se distanciavam da assombração, maior ela parecia.

Um jornalista local afirma que tudo foi invenção dele mesmo para pressionar a empresa de transporte público a estender a linhas de ônibus até os bairros em que a assombração atacava. Uma coisa interessante, no entanto, é que o próprio profissional conta que a lenda ficou tão famosa que as pessoas passaram a construir bonecos de Judas enormes, representando a mulher, para serem destruídos no sábado de aleluia. Uma prova de que a narrativa entrou para o folclore da cidade.

Baixe a imagem em HD