Mamulengo

MAMULENGO

Relatório

Mamulengo é o nome que se dá ao teatro de bonecos especialmente em Pernambuco. Existem, entretanto, outras variações que abrangem outras regiões: Cassimiro Coco, Babau, João Redondo, que são muitas vezes o nome de um único tipo de boneco que se tornam sinônimo de toda a tradição.

Em busca de contemplar todo o fenômeno, em 2015 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) registou como patrimônio imaterial brasileiro todas essas manifestações sob o guarda-chuva: “Teatro de Boneco Popular do Nordeste”.

Ninguém sabe ao certo a origem do termo “Mamulengo”. A versão mais comum vai dizer que é uma derivação de “mão molenga”, remetendo a técnica necessária para que o bonequeiro movimente o boneco. Nei Lopes vai arriscar uma influência na língua kikongo, “milengo”, significando “maravilha, milagre”. Há ainda quem sugira a influência Bantu, “malungo”, que quer dizer “companheiro”.

A tradição tem lastro religioso, e teria surgido com a vinda dos cristãos para o nordeste trazendo com eles a tradição dos presépios mecânicos, em que os bonecos realizavam pequenos movimentos para chamar a atenção do público. Mais tarde, a própria cultura de teatro de bonecos vai ganhar o nome de “presepe”.

Hoje bonecos autômatos também integram o teatro, mas como parte do cenário. Eles podem fazer movimentos como socar pilão, moer milho ou mesmo esfaquear um inimigo. A cena principal, no entanto, cabe aos bonecos manipulados

Existem várias formas de manipular o boneco. É possível usar varetas ou vesti-lo como uma luva. Puxando uma cordinha, é possível mover a boca ou levantar os olhos para aumentar o efeito cômico. Alguns mamulengos são feitos em tamanho real, e são movimentados com o corpo todo, para simular que estão dançando com o bonequeiro – causando a diversão da plateia.

O boneco costuma ser feito com a cabeça de madeira, especialmente a planta conhecida como mulungu (Erythrina Mulungu), e com corpo de tecido, fibra e papelão. Regra só existe uma: quanto mais feio, melhor. O objetivo, afinal, é arrancar o riso da plateia.

Cada local terá seus personagens mais frequentes da brincadeira. Em Glória de Goitá/PE, por exemplo, é muito comum que se tenha histórias envolvendo bonecos da Morte (representada por um esqueleto com foice), com policiais ou militares que sempre querem bater nos outros e impor a autoridade pela violência; Mateus e Catirina, importados dos folguedos do Bumba meu Boi e assim por diante.

A música cumpre um papel fundamental na brincadeira do mamulengo. É ela que chama atenção do público, reunindo a plateia para o espetáculo que vai começar. Por outro lado, também é a responsável por fazer o mamulengueiro entrar na história. Num registro feito pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, Gilberto Souza Lopes da Silva, o Bel, resume: “Tem uma tradição que diz que o boneco dorme e só acorda quando a gente chama ele, a música é que chama os espíritos dos bonecos”.

MAMULENGO

Tipo: Saberes

Habilidade:
O boneco mamulengo foi lutar no seu lugar. Troque o Desafio ativo e envie-o para o fundo do baralho.

Efeito: Troca

Citação: "Você é um mestre bonequeiro? Então prove!"

Artista: Doug Retícolo

Carta de Mamulengo. Com ilustração de um boneco mamulengo com roupas coloridas e floridas e chapéu, com os braços cruzados. E um homem de roupa amarela e roxa mais ao fundo.

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Fontes

– IPHAN. Registro do teatro de bonecos popular do Nordeste. Mamulengo, Cassimiro Coco, Babau e João Redondo. Dossiê Interpretativo. Brasília, Jun. 2014.
– TEIXEIRA, Raquel Dias. A música é que chama os espíritos dos bonecos. Mamulengos em Glória do Goitá. Rio de Janeiro: IPHAN, CNFCP, 2012.