Lobisomem Porco

LOBISOMEM PORCO

Relatório

Apesar do seu nome, o lobisomem brasileiro tem muito pouco de “lobo”. Nossa tradição tem lastro ibérico, em que é comum encontrar histórias de lobisomens que se transformam em animais de fazenda. São híbridos de homem com cachorro, porco, bezerro, touro, jumento e assim por diante.

No país europeu, o lobisomem também é apenas uma das espécies de monstros híbridos, mas existem outras. O eixo em comum que os une é sua maldição, ou fado. Após a transformação, os seres devem correr por sete freguesias, sete praças, sete igrejas e sete cemitérios. Por vezes, o número não está presente, mas a sina desses amaldiçoados é correr pelos caminhos atacando e devorando. É por isso que é bastante comum o uso do termo “correr o fado” em Portugal, para se referir à maldição das criaturas. Ou, ainda, dizer que eles devem “cumprir um fadário”.

J. Vasconcellos, já em 1820, registrava as versões de que o lobisomem surgia a partir do nascimento do sétimo filho homem de uma família. Por derivação, às vezes, fala-se que é o oitavo filho (após o nascimento de sete irmãos).

Em outros relatos, também populares na época, dizem que a maldição surge quando o filho é resultado de relação entre compadre com comadre. Em raros casos, uma bruxa pode gerar espontaneamente um lobisomem usando palavras mágicas.

Maria do Rosário Tavares de Lima recolhe estas versões em Joanópolis − município a pouco mais de 100 km de São Paulo. Em seu livro “Lobisomem − Assombração e Realidade” (1983), que ajudou a transformar a cidade na Capital do Lobisomem, ela aponta que homem que fica 10 anos sem se confessar e comungar, ou sem pôr a mão na água benta, também corre o fado. O mesmo acontece com quem falta ao respeito com pais ou padrinhos.

O Lobisomem-Porco é das versões mais conhecidas desse amaldiçoado. Surge quando a pessoa que carrega a maldição se espoja (ou rola) em um local onde passaram um cachorro e um porco, assumindo as características dos dois animais. Com frequência, é descrito como sendo grande e macilento, como um urso, de rabo e orelhas curtas. Seu grande focinho está sempre fuçando e roncando por onde passa. O lobisomem é faminto, e é possível diferenciar um porco comum de um monstro, em sua forma inicial, devido à fome descomunal que ele demonstra.

LOBISOMEM PORCO
Pontos de Força: 7
Pontos de Vida: 3

Tipo: Visagem
Elemento: Noite

Habilidade:
Envie uma carta Gente, de sua Mão, para o Beleléu, para poder invocar Lobisomem. Não é possível invocá-lo sem fazer isso, mesmo com uma carta Saberes.

Efeito: Fadário

Citação: "Fique em casa, rapaz. É quaresma... O bicharedo anda solto pela terra."

Artista: André Vazzios

Carta de Lobisomem Porco. Com ilustração de um monstro, um lobisomem gordão com dentes grandes parecidos de um javali, e garras, ele usa uma camisa toda rasgada, mostrando os musculos e a barriga, e uma calça também rasgada. Na suas costas está fincado uma machadinha e um facão. No fundo uma lua cheia no céu.

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Fontes

– CASCUDO, Luís da Câmara. Licantropia sertaneja. Imburana – revista do Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-Rio-Grandenses, UFRN, n. 9, jan./jun. 2014.
– LIMA, Maria do Rosário de Souza Tavares. Lobisomem: assombração e realidade. São Paulo: Escola de Folclore, 1983.
– VASCONCELLOS, J. Leite de. Tradições populares de Portugal. Porto: Livraria Portoense de Clavel & Cia, 1882.