ESTOURO DE JUDAS
Relatório
Estourar o Judas é uma variação da prática tradicional da Malhação de Judas praticada. A prática consiste na construção de um boneco de palha ou pano, que faz referência ao apóstolo traidor de Jesus, Judas Iscariotes. O boneco é, então, castigado de inúmeras formas pela população: pode ser malhado (ou seja, espancado), queimado e, em Itu/SP, estourado.
A prática é típica da Península Ibérica e se espalhou com a colonização por toda a América Latina. A tradição ocorre especialmente durante a Semana Santa, no Sábado de Aleluia – que é aquele que antecede a Páscoa. Este é um dia que a cultura popular católica consolidou como o da expiação de pecados, e o boneco de Judas vai congregar todos os da comunidade. Tanto que, a título de provocação, era comum que um bairro roubasse o Judas do rival; como que para manter o povo do local sem sua válvula de escape.
Uma prática que se sustenta desde o período colonial é que o Judas a ser punido receba atualizações de comentários sociais do momento. À época, costumava-se fazer uma efigie do Imperador – a ser malhada com varas de pau e pedradas. Hoje, há Judas representando políticos, ministros de estado, personas-non-gratas e até mesmo jogadores de futebol com mau desempenho.
Hoje, o uso de pirotecnia é uma peculiaridade de Itu. Na cidade, uma sequência de bombas é estourada, culminando na queda de um diabinho cheio de pólvora nas costas do boneco apóstolo. A explosão, assim, é celebrada por todo o público. No Rio de Janeiro oitocentista, no entanto, Câmara Cascudo nos lembra que os Judas tinham fogos no ventre e apareciam conjugados com demônios, “ardendo todos numa apoteose policolor”.