Curucucu

CURUCUCU

Relatório

Curucucu é um dos nomes que se dá a um brincante mascarado típico das cavalhadas da cidade de Pirenópolis (GO), localizada há cerca de 130 km da capital Goiânia. Existem cavalhadas por todo o território nacional, mas os mascarados desta região são conhecidos pelas suas galhadas extravagantes, sempre muito enfeitadas e coloridas.

As cavalhadas são festas populares em que se faz uma representação das guerras entre cristãos e mouros. Este é um elemento bastante comum em nossa cultura popular e tem herança diretamente portuguesa. “Mouro” vem da língua latina e significa “escuro”; era, também, o nome que genericamente se dava aos povos islâmicos que invadiram a Península Ibérica no século VIII e ocuparam territórios de Portugal e Espanha até o fim da Idade Média, já no século XV.

Durante a cavalhada, essa guerra é reencenada a partir do confronto entre dois exércitos, tendo como grande inspiração a literatura – especialmente um poema épico chamado “A Canção de Rolando”. Do lado azul, está Carlos Magno e os 12 pares da França, sua guarda de elite conhecida como os “paladinos”. Do lado vermelho, estão os mouros, muitas vezes representados por um rei gigante conhecido como Ferrabrás.

Existem várias formas de festejar as cavalhadas pelo Brasil. Em alguns lugares, o centro da festa são as disputas de habilidade – herança dos torneios medievais que serviam de entretenimentos para os cavaleiros nos intervalos das guerras. Nesse contexto, o destaque vai para o “jogo da argolinha”, em que o cavaleiro deve usar uma lança para coletar as argolas presas pelo campo.

Outra maneira de se celebrar o festejo é dando maior foco na teatralização da disputa, com os brincantes assumindo as funções de personagens. Em Pirenópolis, temos uma mescla entre teatro e prova de habilidade, com os dois exércitos sendo formados por um rei, um embaixador e dez cavaleiros. Outra peculiaridade de Pirenópolis é a data: tradicionalmente, a cavalhada acontece juntamente às celebrações da Festa do Divino, no dia de Pentecostes.

São três dias de evento na cidade goiana, e, em cada um deles, a cavalhada avança em seu enredo e em suas apresentações. A trama começa com a descoberta de um espião mouro em terras cristãs, representado por um brincante com máscara de onça que é morto pelo inimigo. Cada exército assume seu terreno, representando seu castelo, e é visitado pelo oponente, que tenta convencê-lo a mudar de religião. Com o fracasso dos diálogos, a guerra começa.

As disputas se seguem durante todo o segundo dia, quando os cristãos cercam os mouros, que são rendidos e convertidos ao cristianismo. No terceiro dia, não há mais guerra, apenas confraternização e provas de destreza.

Durante todos estes dias de festa, os Curucucus devem se manter anônimos. Nem mesmo os membros de sua família devem saber quem são os mascarados que aparecem, entre uma prova e outra, para provocar e divertir a plateia entre as provas de habilidade. Seu nome é uma onomatopeia e vem dos gritos que eles soltam para causar baderna.

CURUCUCU
Pontos de Força: 4
Pontos de Vida: 3

Tipo: Gente
Elemento: Noite

Habilidade:
Quando esta carta é invocada, você pode trocar o Desafio ativo e enviá-lo para o fundo do baralho.

Efeito: Troca

Citação: "Cristãos contra mouros? Que nada. Eu vim para ver os mascarados!"

Artista: Ikarow

Carta do Curucucú. Com ilustração de um homem com roupas roxas montando em um cavalo. Ele usa uma máscara branca e vermelha com chifres grandes e floridos, usa também uma capa vermelha, luvas e botas escuras. Seu cavalo é coberto por uma capa vermelha, e uma máscara amarela com uma pena rosa. Diversas flores ao redor do personagem que salta com o cavalo. Ao fundo, em um ambiente noturno, uma lua cheia, e uma igreja.

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Fontes

– BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Cavalhadas de Pirenópolis: um estudo sobre representações de mouros e cristãos em Goiás. São Paulo: Oriente, 1974.
– GONZALEZ, Lélia. Festas populares no Brasil. Rio de Janeiro: Index, 1987
– SPINELLI, Celine. Cavalhadas em Pirenópolis: tradições e sociabilidade no interior de Goiás. Religião e Sociedade, v. 30, n. 2, 2010. p. 59-72