Caipora de Pesqueira

Ilustração: Zambi

CAIPORA DE PESQUEIRA

Relatório

Na cidade de Pesqueira, interior de Pernambuco, conta a tradição que bolas de luz flamejante, como tochas sobrenaturais, costumavam aparecer por entre as árvores. Os caçadores, quando viam esses fogo-fátuos, logo souberam de quem era a culpa: dos Caiporas.

As visagens que recebem este nome são protetores da mada e, no nordeste, conhecidos como grandes pregadores de peça. Utilizam-se de todos os ardis dos tricksters para enganar os caçadores: podem mudar de forma, podem se transformar ou imitar a voz humana, e assim por diante. Na forma de luz, os caiporas faziam com que os transeuntes perdessem a lucidez, caminhando sem rumo na mata.

Para acalmar esses seres, os moradores recorriam à estratégia de colocar fumo e cachaça nos troncos das árvores. Trato feito, puderam voltar às suas atividades sem medo de novos castigos.

A presença destas visagens de maneira tão próxima inspirou João Justino, vulgo Gilete, a criar o bloco carnavalesco “Os Caiporas” em 1962. O grupo era composto por mulheres, crianças e homens que desfilam com disfarces elaborados: grandes sacos de estopa sob o corpo, pintados da forma que lembrem um rosto gigantesco.

Assim, o que outrora era fonte de terror foi transformado em uma imensa diversão. Tal como os caiporas mitológicos, os brincantes que se vestem de Caipora em pesqueira são reconhecidos por sua irreverência, vestindo calça, paletó, camisa de manga comprida e gravata, elementos cruciais para compor a indumentária. Em seguida, aplicam a máscara de estopa que cobre desde a cabeça até a cintura.

Em 2016, o festejo foi registrado como patrimônio imaterial de Pernambuco.

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