Mestre Suassuna

Ilustração: André Toma

MESTRE SUASSUNA

Relatório

Ariano Suassuna foi escritor nascido em 1927, na cidade de João Pessoa, na Paraíba, e faleceu em 23 de julho de 2014. Suassuna estudou Direito e Filosofia, mas sua paixão pela arte e literatura o levou a se dedicar à escrita e ao teatro. Em seu trabalho, inspirava-se na literatura oral e nos motes que circulavam pela cultura popular para criar obras únicas que ainda hoje nos fascinam.

Sua obra mais famosa, “Auto da Compadecida”, lançada em 1955, é uma peça teatral que bebe dos antigos autos portugueses – apresentações teatrais que surgem durante a Idade Média e com um forte lastro religioso, em que os personagens são alegorias de tipos notórios da comunidade. Suassuna trouxe à tona os costumes, as crenças e os conflitos sociais dessa região, destacando a riqueza e a diversidade de sua terra. Sua escrita era marcada pelo uso de diálogos coloridos, personagens caricatos e uma mistura única de comédia e crítica social.

Além de suas contribuições literárias, Suassuna também foi um defensor incansável da cultura popular brasileira. Ele fundou o Movimento Armorial em 1970, que buscava criar uma arte autêntica para o Brasil a partir das raízes populares. O movimento valorizava manifestações culturais do Nordeste, como a literatura de cordel, a música e a arte popular. “Armorial” é o conjunto de distintivos, brasões, estandartes e bandeiras de um povo. Que distintivo melhor do que sua própria tradição?

O desejo de produção e criação de Ariano se demonstra neste trecho do Manifesto pelo Teatro Popular do Nordeste:

“Repelimos uma arte puramente gratuita, formalística, sem comunicação com a realidade, uma arte frívola, estéril, sem sangue e sem pensamento, covarde e indefinida diante dos abusos, dos privilégios da fria e cega vida contemporânea do mundo dos privilegiados, sem entranhas, e das sanguinárias tiranias que fingem combatê-lo. Mas repelimos também a arte alistada, demagógica, que só quer ver um lado do problema do homem, uma arte deturpada por motivos políticos, arte de propaganda, arte que agrega ao universo da obra o corpo estranho da tese, para fazer do espetáculo um libelo interessado. Acreditamos que a arte não deve ser nem gratuita nem alistada: ela deve ser comprometida, isto é, deve manter um fecundo intercâmbio com a realidade, ser porta-voz da coletividade e do indivíduo, em consonância com o espírito profundo de nosso povo”

Por meio de suas peças teatrais, palestras e ensaios, Suassuna promoveu uma visão positiva e autêntica da cultura nordestina, desafiando estereótipos e preconceitos. Ao longo de sua vida, Ariano Suassuna recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos por suas contribuições para a cultura brasileira, tornando-se um Imortal da Academia Brasileira de Letras em 1990

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