Boneco de Olinda

Ilustração: Doug Retícolo

BONECO DE OLINDA

Relatório

O termo “boneco de Olinda” refere-se aos famosos bonecos gigantes utilizados nas festividades de carnaval na cidade de Olinda, em Pernambuco. Esses bonecos são grandes e coloridos, muitas vezes representando figuras populares, personalidades conhecidas, personagens históricos ou fictícios. Hoje, eles atingem em média 4 metros de altura e pesam cerca de 20 quilos.

Apesar de Olinda ter se tornado cidade referência para esta prática cultural, a construção de bonecos gigantes (ou mesmo parcialmente gigantes, como os cabeçudos) é uma constante pelo mundo todo. A tradição chega até nós por influência portuguesa, onde há registro do uso de “Gigantones” desde o século XIII, especialmente em festas de cunho religioso como Corpus Christi e dias santos.

Em Pernambuco, o primeiro boneco gigante que se tem registro foi construído em 1919 na cidade de Belém do São Francisco. Guimercindo Pires criou o boneco, batizado Zé Pereira, inspirado pelo padre belga Norberto Phallampin. O sacerdote utilizava bonecos gigantes para chamar a atenção dos fiéis e assim converter mais deles ao cristianismo.

Na época, e durante muito tempo, os bonecos eram feitos com corpo de madeira e cabeça de papel machê. Hoje em dia, o material mais utilizado é a fibra de vidro.

Na cidade de Olinda, a brincadeira teve início apenas em fevereiro de 1932, com a criação do distinto boneco, com sorriso amplo, dente de ouro, cavanhaque marcado, fraque, gravata e cartola. É o notório “Homem da Meia Noite”, que tornou-se símbolo do carnaval de Olinda e foi registrado patrimônio imaterial de Pernambuco em 2006.

O grupo de festeiros foi criado como dissidência de uma troça que já existia na cidade. Como inspiração para a criação do personagem, basearam-se na cinessérie chamada, justamente, “O Homem da Meia Noite”, dirigida por James W. Horne, em 18 capítulos. A obra estreou nos Estados Unidos em 1919, mas só começou a chegar no Brasil em 1927, marcando presença nos cinemas locais.

Depois do boneco pioneiro, foram criados os outros membros de sua família: a Mulher do Meio Dia e o Menino da Tarde. O artista plástico Silvio Botelho, criador do “Menino”, é tido como um dos grandes responsáveis por popularizar a brincadeira, criando o desfile de bonecos que se tornou um marco de toda Terça-Feira Gorda.

Atualmente, o Clube Carnavalesco de Alegoria e Crítica O Homem da Meia-Noite hoje é comandado por Adolpho Alves da Silva. Ele é filho de um dos criadores da tradição, Tárcio Botelho e Silva. Para a família, o Homem é um calunga; representação ancestral de entidades, imiscuída pela fé do candomblé que, assim como no caso da Dama do Paço no Maracatu, concede a proteção para o grupo brincante.

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