Ilustração: Stuart Marcelo
SOPA DE PEDRA
Relatório
Essa é uma das mais famosas histórias de Pedro Malasartes, personagem dos contos populares ibéricos que ganhou igual fama de mestre da esperteza no Brasil.
Dizem que certa vez, Pedro ouviu falar de uma velha avarenta que morava em um sítio próximo. Os moradores locais contavam histórias sobre sua avareza, afirmando que ela não alimentava nem os cachorros. Intrigado, Pedro apostou com os moradores que conseguiria que a velha lhe desse uma porção de coisas.
Chegando lá, Pedro arrumou seu acampamento próximo à porteira do sítio, e começou a cozinhar água em uma panela. O dia inteiro, ele fervia a água, enquanto a velha, intrigada, observava de longe.
No dia seguinte, repetiu o processo: panela no fogo, água fervendo, fumaça subindo. A velha, cada vez mais curiosa, não resistiu e se aproximou para ver o que Pedro estava fazendo. Nesse momento, ele pegou algumas pedras do chão, lavou-as e jogou na panela.
Surpresa, a velha perguntou se ele estava cozinhando pedras, e Pedro respondeu que estava preparando uma sopa. A velha, inicialmente desconfiada, começou a ficar intrigada. Pedro continuou atiçando o fogo e sugeriu que a sopa ficaria ainda melhor com alguns temperos.
Foi então que a avidez falou mais alto. Com uma sopa que leva apenas água e pedra, ela economizaria muito para alimentar os empregados! Passou a ajudar Pedro, dando a ele todos os ingredientes que queria, em troca da receita.
Assim a sopa foi cozida com água, pedra, mas também cebolas, cenouras, batatas, carne, linguiça de fumeiro e muito mais. Pedro encheu o prato de tudo, exceto as pedras, e deliciou-se. Logo depois a velha foi provar, serviu-se da pedra e mordeu com tanta força que partiu os próprios dentes.
A sopa de pedra é também um prato típico da culinária portuguesa. Trata-se de um prato com feijão vermelho, favas, embutidos, couve, batata e cenoura. Na tradição, coloca-se uma pedra bem lavada no fundo da panela e, depois de comida a sopa, guarda-se a pedra para a próxima refeição.